sábado, 1 de dezembro de 2007


A cidade do nada


Anmo é uma cidade onde ninguém adentra sem ser percebido. Para se atingir a ela não há caminho ou placas. Portões do nada guardam sua entrada. Suas ruas parecem granitos torrados ao fogo, suas casas serpenteiam infinitamente e se cruzam labirinticamente fazendo–se necessário um cicerone. As árvores se erguem diante da magnitude do nada e crescem na plena certeza que nada irá detê-las. Pedrarias, areal, cactáceos se confundem em imensa e intocável beleza. Suas praças em suspensão fotomagnética cansam e ardem os olhos daqueles que por ignorância nada entende do fototropismo.


Os íncolas de Anmo sabedores da excelência e unicidade de sua arquiponente e inexeqüível arquitetura vivem em eterna patuscada. Dormem tranqüilos e acordam ao som do nada, som doce, no compasso cadente e intempestivo que atingem e ensurdecem os ouvidos intrusos. Acordar em Anmo é inexplicavelmente prazeroso. Levantar e avistar o nada mais além, passear em suas montanhas nadescas e ir ao Nadahá e entrar no folguedo maravilhoso, dançar ao som do batuque de tambores entalhados na própria essência de ser um Anmonadense.


O final da tarde é esplendoroso. Subir através de um caminho de puro fulgor até o mais alto cume, assentar em lugares que parecem não existir e assistir a sublime e bela cena jamais imaginada por homens triviais. Encontrar o prazer de ser não apenas diferente, mas de não encontrar alguém igual. Todos com um só devaneio – a linha inalcançável do horizonte. É ali que visitantes indesejáveis vêem o segundo portão da nossa urbe...

Isolda Barbosa Gaspar de Souza

sexta-feira, 2 de novembro de 2007




MÁGICO SORRISO

À rainha celta do sertão bahiano.


Ao sorrir revela-te
Em cândida beleza.
Este riso marfim
Enfeita-te a face
Cor de carmim.

No contraste gracioso
De doce expressão,
Onde olhos negros sombreiam
Lhe majestoso rosto
Tal moldura que protege
Uma obra de arte.

Diante da simetria desse sorriso
Sinto-me vencido;
Tristão apaixonado!
Embriagado por sua simpatia
Rende-me a ti
Oh, Isolda rainha
Da beleza e magia!



Robério Pereira Barreto







terça-feira, 26 de junho de 2007


Memória persistente


Saudades de você, saudades daquele tempo em que nossos olhares olhavam na mesma direção, daquela época em que nossos caminhos eram os mesmos.
Em meus sonhos por diversas vezes voei para procurar você, suponho o significado.
Pensar que por iniciativa sua surgiu esse sentimento, hoje ambiciono a eternidade somente para descobrir a fórmula da reconquista.
Espero não ser um eterno ser buscando seu carinho, doce menina da manhã de outono; que a vida me surpreenda e a traga novamente pra mim.


Jaider Souza

quinta-feira, 7 de junho de 2007

O que é Literatura?

Sabemos que o reino das palavras é farto. Elas brotam de nosso pensamento de maneira natural, não temos a preocupação de elaborar o que dizemos ou até mesmo escrevemos. As palavras, contudo, podem ultrapassar seus limites de significação. Podendo assim, conquistar novos espaços e passar novas possibilidades de perceber a realidade. O caminho que a literatura percorre é este. O artista sente, escolhe e manipula as palavras, as organiza para que produzam um efeito que vá além da sua significação objetiva, procurando aproxima-las do imaginário. A obra do escritor é fruto de sua imaginação, embora seja baseado em elementos reais. Da concretização desse trabalho surge então a obra literária. Dotado de uma percepção aguçada, o escritor capta a realidade através de seus sentimentos. Explora as possibilidades lingüísticas e as manipula no nível semântico, fonético e sintático. A literatura é uma manifestação artística. E difere das demais pela maneira como se expressa, sua matéria-prima é a palavra, a linguagem. O texto literário se caracteriza pelo predomínio da função poética.

terça-feira, 5 de junho de 2007



O pássaro não canta porque espera aplauso ele canta porque tem uma canção. (Joseph E de Souza)



A ENTREVISTA
Quem é vc?
- Oi quem é vc?
-eu?
-sim vc.
-o que quer saber?
- sei lá, mas me diz quem é vc?
- meu nome? - pode ser pra começar.
- bom meu nome é José das Quantas.
- ta, mas ainda não me disse quem é vc.
- o cara como vc é chato,
...eu tenho 30 anos, sou de peixes,
...que mais quer saber,
- quem é vc. -mas já disse,
...tu quer saber meu tamanho
...a cor dos meus olhos e cabelo?
- não, isso eu estou vendo.
Eu quero saber dentro de vc,
quem é vc.
- ah, quem sou eu?
-é quem é vc.
- quem eu sou?
- é isso mesmo.
- sei lá quem eu sou
....já disse meu nome,
peso é isso? - não.
-cara como vc é chato.
E vc quem é?
- eu que estou perguntando.
- ta, mas agora eu quero saber quem é vc .
...está vendo como é difícil responder?
- não é difícil .
...vou responder .
...quem eu sou.
- é quem é vc.
-eu?

...para de me embromar.
-sou o cara que esta te entrevistando.
-ahahahahhhhh
...tá vendo como é difícil falar de si mesmo?
-mas hoje não é a minha vez, é a sua.
-eu não sei quem eu sou, e vc sabe?
...já disse, sou o entrevistador.
- não, eu digo lá dentro
...vc tb não sabe quem vc é.
- sei, mas hoje não é a minha vez ...
vamos acabar a entrevista.


Myrian Benatti